Desde a rodoviária Pedro Marinho de Oliveira, situada na Folha 32, as nuvens despontavam |
Oficial do Corpo de Bombeiros Militar, Galucio |
Durante o
verão, o número de queimadas no espaço urbano da cidade de Marabá, situada na
região sudeste do Pará, surpreende e preocupa. A fumaceira vira quase rotina em
alguns núcleos. Porém, não há quem se importe, aparentemente. A não ser que uma
casa seja tomada pelas chamas, que começaram no mato, ou alguém seja carbonizado,
as pessoas que efetuam as queimas não pedem orientações dos órgãos públicos.
Tudo indica
que o clima contribui para que esse período se caracterize pelas nuvens de
fumaça. Porém, quem julga necessárias essas queimadas poderia ter mais
responsabilidade e aplicar algumas medidas de segurança.
Segundo Marcos
Felipe Galucio de Souza, capitão no 5º grupamento do Corpo de Bombeiros
Militares do Pará (CBMPA), cujo prédio fica na Rodovia Transamazônica (BR-230),
a lei garante ao proprietário a liberdade de utilizar o fogo para limpar um
terreno.
“Não existe
nenhuma legislação que restrinja o uso desse tipo de medida, para poder fazer
limpeza de terreno. Como é um terreno particular, o camarada tem a liberdade.
Não existe um código de postura do município que venha restringir essas
queimadas, em ambientes particulares. Então, para limpar ele usa esse tipo de
artifício”, afirma.
Por outro
lado, o capitão Galucio entende que a responsabilidade e consciência, por parte
de quem faz a queima, não podem ser dispensadas.
“O fato é que
o meio ambiente acaba sendo afetado por causa das queimadas. Não somente o
ambiente, mas, o risco que tem desse fogo passar às propriedades vizinhas é
grande. Então, quem faz a queimada, geralmente, ou, se não faz, deveria fazer o
processo de aceiro, no sentido de evitar o descontrole do fogo”, pontua.
A técnica do
aceiro consiste numa faixa de capinagem que impede que o fogo venha dar continuidade.
É uma forma de efetuar a descontinuidade do mato.
“Só que nem
todo mundo faz esse tipo de coisa. Geralmente, como os terrenos são cercados
por muros, o próprio limitador é o muro. Mas, o que acontece com a queimada,
quando o fogo é muito grande, por causa do mato alto, as fagulhas e as faíscas
podem, até pelo efeito do vento, ir para outras propriedades. E isso, por sua
vez, ocasiona um novo incêndio”, detalha Galucio.
Nossa
reportagem levantou alguns focos já neste de segundo semestre de 2013.
No último dia
do mês de julho (31), nossa reportagem flagrou dois pontos de queimada na Folha
33 – núcleo Nova Marabá. Desde a rodoviária Pedro Marinho de Oliveira, situada
na Folha 32, as nuvens escuras já despontavam. O segundo foco ocorria perto do
Supermercado Mateus.
Outra ocasião
se repetiu no dia 25 de agosto, às proximidades da Vila Militar CSSM, também na
Nova Marabá.
No entanto, comparado
a outros períodos de anos anteriores, o oficial enfatiza que Marabá vive uma
fase de retardamento nessa questão. Poucas vezes o CBMPA participou de ações de
grande descontrole.
“Ainda não
começou, de fato, a época de queimadas. Porque, quando começa é nesse tempo que
bombeiro não pára dentro de quartel. Nós estamos, na verdade, num retardo,
porque, em agosto e setembro, já era pra estar mesmo em alta. Então, como
estamos indo pra outubro e não intensificou essa atividade, vemos que está
muito abaixo daquilo que é previsto”, explica.
Conforme os
dados do 5º grupamento do CBMPA, poucos moradores e empresários pedem apoio
para realizar esse tipo de atividade. Por conta disso, as chances de ocorrer um
prejuízo é maior.
“Isso é o que
mais acontece. Quando o corpo de bombeiros é acionado, não é porque o camarada
está limpando o terreno. Mas, porque a situação já saiu do controle. É verdade
que a pessoa faz na intenção de limpar o terreno, só que quando não consegue
controlar, o que é que vai acontecer? O bombeiro é chamado para remediar a
situação”, avalia Galúcio, que é oficial em Marabá desde 2011.
Não adianta
chamar apenas quando o pior acontece. Os incidentes com fogo devem ser
prevenidos com todo rigor.
Problema social – Há mais de 13 anos nesse ofício,
Galúcio considera que os empresários e proprietários de lotes, no perímetro
urbano, empregam essa medida por uma questão de custo benefício.
Eles optam
por incendiar o mato uma vez que financiar a capinagem e remoção de mato
silvestre, inclusive, árvores, são atividades que demoram e saem mais
caro.
“Tudo isso é
complicado porque se trata de um problema social muito grande. O cara precisa
limpar o terreno dele pra poder fazer sua construção, sua atividade, e nem
sempre ele dispõe de meios, que não o fogo, para poder limpar, como as pás
carregadeiras, os tratores e tudo mais, e que são mais dispendiosos. Então, é
muito mais fácil botar o fogo do que você contratar uma trator de esteira pra
fazer esse serviço”, explica.
Orientações de segurança – É importante que se busque
informações para se fazer as medidas de contenção do fogo.
“Se alguém
planeja fazer a queimada, primeiro, entre em contato com a secretaria de Meio
Ambiente, avisando o que vai fazer. Lá, provavelmente, vai encontrar
informações de como fazer isso de maneira segura. E, se houver a possibilidade,
que seja feito inicialmente o desbaixe,
isto é, cortar o mato para diminuir o seu tamanho e volume. Assim, quando
queimar, o fogo não ficará tão alto e diminui as chances de causar mais
problemas”, orienta o capitão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário