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segunda-feira, 2 de setembro de 2013

QUEIMADAS URBANAS - Corpo de Bombeiros só é acionado quando o pior acontece

Desde a rodoviária Pedro Marinho de Oliveira, situada na Folha 32, as nuvens despontavam
Oficial do Corpo de Bombeiros Militar, Galucio
Durante o verão, o número de queimadas no espaço urbano da cidade de Marabá, situada na região sudeste do Pará, surpreende e preocupa. A fumaceira vira quase rotina em alguns núcleos. Porém, não há quem se importe, aparentemente. A não ser que uma casa seja tomada pelas chamas, que começaram no mato, ou alguém seja carbonizado, as pessoas que efetuam as queimas não pedem orientações dos órgãos públicos.
Tudo indica que o clima contribui para que esse período se caracterize pelas nuvens de fumaça. Porém, quem julga necessárias essas queimadas poderia ter mais responsabilidade e aplicar algumas medidas de segurança.   
Segundo Marcos Felipe Galucio de Souza, capitão no 5º grupamento do Corpo de Bombeiros Militares do Pará (CBMPA), cujo prédio fica na Rodovia Transamazônica (BR-230), a lei garante ao proprietário a liberdade de utilizar o fogo para limpar um terreno.
“Não existe nenhuma legislação que restrinja o uso desse tipo de medida, para poder fazer limpeza de terreno. Como é um terreno particular, o camarada tem a liberdade. Não existe um código de postura do município que venha restringir essas queimadas, em ambientes particulares. Então, para limpar ele usa esse tipo de artifício”, afirma.
Por outro lado, o capitão Galucio entende que a responsabilidade e consciência, por parte de quem faz a queima, não podem ser dispensadas.
“O fato é que o meio ambiente acaba sendo afetado por causa das queimadas. Não somente o ambiente, mas, o risco que tem desse fogo passar às propriedades vizinhas é grande. Então, quem faz a queimada, geralmente, ou, se não faz, deveria fazer o processo de aceiro, no sentido de evitar o descontrole do fogo”, pontua.
A técnica do aceiro consiste numa faixa de capinagem que impede que o fogo venha dar continuidade. É uma forma de efetuar a descontinuidade do mato.
“Só que nem todo mundo faz esse tipo de coisa. Geralmente, como os terrenos são cercados por muros, o próprio limitador é o muro. Mas, o que acontece com a queimada, quando o fogo é muito grande, por causa do mato alto, as fagulhas e as faíscas podem, até pelo efeito do vento, ir para outras propriedades. E isso, por sua vez, ocasiona um novo incêndio”, detalha Galucio.
Nossa reportagem levantou alguns focos já neste de segundo semestre de 2013.
No último dia do mês de julho (31), nossa reportagem flagrou dois pontos de queimada na Folha 33 – núcleo Nova Marabá. Desde a rodoviária Pedro Marinho de Oliveira, situada na Folha 32, as nuvens escuras já despontavam. O segundo foco ocorria perto do Supermercado Mateus.
Outra ocasião se repetiu no dia 25 de agosto, às proximidades da Vila Militar CSSM, também na Nova Marabá.
No entanto, comparado a outros períodos de anos anteriores, o oficial enfatiza que Marabá vive uma fase de retardamento nessa questão. Poucas vezes o CBMPA participou de ações de grande descontrole.
“Ainda não começou, de fato, a época de queimadas. Porque, quando começa é nesse tempo que bombeiro não pára dentro de quartel. Nós estamos, na verdade, num retardo, porque, em agosto e setembro, já era pra estar mesmo em alta. Então, como estamos indo pra outubro e não intensificou essa atividade, vemos que está muito abaixo daquilo que é previsto”, explica.
Conforme os dados do 5º grupamento do CBMPA, poucos moradores e empresários pedem apoio para realizar esse tipo de atividade. Por conta disso, as chances de ocorrer um prejuízo é maior.  
“Isso é o que mais acontece. Quando o corpo de bombeiros é acionado, não é porque o camarada está limpando o terreno. Mas, porque a situação já saiu do controle. É verdade que a pessoa faz na intenção de limpar o terreno, só que quando não consegue controlar, o que é que vai acontecer? O bombeiro é chamado para remediar a situação”, avalia Galúcio, que é oficial em Marabá desde 2011.
Não adianta chamar apenas quando o pior acontece. Os incidentes com fogo devem ser prevenidos com todo rigor. 
Problema social – Há mais de 13 anos nesse ofício, Galúcio considera que os empresários e proprietários de lotes, no perímetro urbano, empregam essa medida por uma questão de custo benefício.
Eles optam por incendiar o mato uma vez que financiar a capinagem e remoção de mato silvestre, inclusive, árvores, são atividades que demoram e saem mais caro. 
“Tudo isso é complicado porque se trata de um problema social muito grande. O cara precisa limpar o terreno dele pra poder fazer sua construção, sua atividade, e nem sempre ele dispõe de meios, que não o fogo, para poder limpar, como as pás carregadeiras, os tratores e tudo mais, e que são mais dispendiosos. Então, é muito mais fácil botar o fogo do que você contratar uma trator de esteira pra fazer esse serviço”, explica.
Orientações de segurança – É importante que se busque informações para se fazer as medidas de contenção do fogo.  
“Se alguém planeja fazer a queimada, primeiro, entre em contato com a secretaria de Meio Ambiente, avisando o que vai fazer. Lá, provavelmente, vai encontrar informações de como fazer isso de maneira segura. E, se houver a possibilidade, que seja feito inicialmente o desbaixe, isto é, cortar o mato para diminuir o seu tamanho e volume. Assim, quando queimar, o fogo não ficará tão alto e diminui as chances de causar mais problemas”, orienta o capitão.

  

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