O
número de manifestações populares, protestos, paralisações, greves e mais um “tantão”
de revoltas – muitas delas justas a meu – ocorreram de uma forma que jamais
houve no Brasil. 2013 é o ano que vai entrar nos livros, no que se refere a
nossa história recente. Vimos o nunca visto. E acredito todos os brasileiros continuam
refletindo e digerindo os acontecimentos.
Falo
isso na altura dos meus 28 anos, mas conheço bem nossa história. Leio os livros
que comprei de Darcy Ribeiro, Florestan Fernandes, Laurentino Gomes, Leandro
Narloch... julgando serem boas fontes. E mais, o material de nossos autores de
Letras também são bem instrutivos. Pelos menos o suficiente pra evitar
pedantismos.
Agora,
a questão que me preocupa aqui são as formas que estamos usando pra
reivindicar. Não são poucas as discordâncias que tenho de algumas lutas que
empregam formas contraditórias de resistência. Não enxergo o mérito das brigas
mais polêmicas hoje, aborto, maconha, reforma política, casamento gay etc
quando que briga é pior que suas causas. Não vou enumerar aqui porque desvia o
cerne desta postagem.
Bem,
eu vi, hoje, que um grupo de manifestantes protestou em frente ao prédio da TV
liberal, filiada à Rede Globo, cuja sede fica em Belém, capital do meu estado,
o Pará. Digo, de antemão que não demonizo a Rede Globo, porém, ela faz parte da
lista de canais que menos assisto. E meu propósito não é “advogar” por ela.
Para
dizer a verdade, como professor de literatura e repórter aprendi a criticar
tudo o que vejo. E só determinar minha opinião depois de refletir bem. Tenho a
visão que Eduardo Galeano e outros estudiosos defendem ao sintetizar os meios
de comunicação na fala de um anônimo: “Os ricos urinam em nós e a mídia nos
diz: ‘É chuva!’”. Só que isso não me faz pensar que qualquer arma serve pra
derrubar essa estrutura de poder vergonhoso, contido nessa declaração.
Contudo,
as hostilidades com a Rede Globo pra mim são fajutas, haja vista que acredito
que há formas mais substanciais de resistência ao que ela e outras mídias por
ai – ops, por aqui no Brasil – andam vendendo.
Voltando
ao fato, li que os manifestantes na capital lançaram balões de tintas e fezes –
armas de protesto(?) –, reivindicando a democratização da mídia. Reconheço que
no Brasil são poucas as famílias que tem o poder midiático na mão, o que as
ajuda a perpetuarem seus discursos alienantes e permanecerem explorando o povo.
E o pior, saqueando com toda polidez nossas riquezas via governo burguês.
Por
outro lado, faz tempo que não vejo nesses movimentos sociais de partidos
anti-burguês o mínimo de honestidade pra conduzir disputas democráticas. Ou
defender os interesses do povo. Só pra começar, muitos usam aquele jargão de
revolução comunista, marxista e o escambau de bico... Onde que esquerda
leninista, ou trotskyana, e democracia andaram junto?
Para
não me hostilizarem como direitista, abro o jogo. Eu me considero apartidarista
e assim dá pra avaliar e criticar todos sem o rabo preso. E mais, prefiro
observar o mundo por uma perspectiva anarcocristã.
Só
que essas questões ficam pra outra hora.
Voltando
novamente ao fato. O motivo da ação ter sido hoje, entre outras coisas, é
porque o ato acontece no “Dia Nacional de Luta”, onde centrais sindicais e
movimentos estudantis se reuniram em protesto, para reivindicar melhorias nas
condições de trabalho.
Para
dizer a verdade, acho que o gancho com esse “Dia Nacional de Luta” não é para
aumentar a força do povo, através da conquista de mais espaço na mídia. Sei que
não são poucos que vão me contraditar, afirmando que sou conformado por ter um
blogzinho, ou justificar a pobreza das opiniões que reúno aqui porque sou frouxo
– ou coisa do tipo. Claro que a opinião dos contraditores não vão passar de um
jeito bem aristotélico de fugir do cerne do assunto.
Deixe
eu voltar de novo. Também foi gaiato ver os comentários na página do face
diminuindo a atitude de protesto, porque, foi usado merda de cavalo. Só que a
graça se vai quando começamos a calcular a realidade do fato.
Porém,
vejamos alguns dos comentários favoráveis ao manifesto:
Tadeu
Lima disse: “Esterco sendo jogado contra o excremento!”; já Haroldo Roll: “Que
pena que só jogaram fora, deviam ter jogado dentro”. Para Rogério Dantas o ato
foi: “Justo!” e para Hugo Lourenço: "Fezes que nada! Pelo que tá parecendo
é BOSTA DE CAVALO, OU BOSTA DE VACA mesmo! Deveria ser de vaca, pois, se nova,
é mais mole e fede mais! Ou, então, pega a de porco!”.
Essa
gente toda parabenizando a manifestação não me convence.
Entendo
que se fosse em frente a casa desses comentaristas a coisa realmente ia feder.
Ou, se um deles ou todos trabalhassem na parte de limpeza pública da Prefeitura
de Belém, ou da emissora em questão, eles num iam achar cheiroso ter que pagar
o pato, isto é, limpar a calçada toda.
E
outra, se for verdade que essa juventude de hoje, e os velhos militantes que
fazem a cabeça dessa garotada, desistiram completamente de fazer um
enfrentamento constante, direto, conversando e debatendo o cotidiano da vida em
sociedade, é melhor desistir de qualquer apoio a eles. E se também abriram mão
de medidas rigorosas via confronto de idéias e argumentos fortes, então,
estamos todos rodados. Se pegar em armas resolvesse tudo definitivamente, as
grandes guerras deixaram o paraíso como herança.
Enfim,
já que voz, idéias, debates e políticas de esclarecimentos dizem menos que atos
maquiados de resistência revolucionária, o retrocesso é o próximo estágio se
essa mídia se democratizar na mão de novos ditadores. E a nova censura virá.
Afinal, os que antes eram marginais da democracia não perdoam, nem abrem mão de
dar o troco, já que passaram tanto tempo fora do poder midiático.
(Com
informações da Página NINJA – via Facebook)
Nenhum comentário:
Postar um comentário