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sexta-feira, 30 de agosto de 2013

DEMOCRATIZAÇÃO DA MÍDIA - É certo protestar de qualquer jeito?

O número de manifestações populares, protestos, paralisações, greves e mais um “tantão” de revoltas – muitas delas justas a meu – ocorreram de uma forma que jamais houve no Brasil. 2013 é o ano que vai entrar nos livros, no que se refere a nossa história recente. Vimos o nunca visto. E acredito todos os brasileiros continuam refletindo e digerindo os acontecimentos.
Falo isso na altura dos meus 28 anos, mas conheço bem nossa história. Leio os livros que comprei de Darcy Ribeiro, Florestan Fernandes, Laurentino Gomes, Leandro Narloch... julgando serem boas fontes. E mais, o material de nossos autores de Letras também são bem instrutivos. Pelos menos o suficiente pra evitar pedantismos.  
Agora, a questão que me preocupa aqui são as formas que estamos usando pra reivindicar. Não são poucas as discordâncias que tenho de algumas lutas que empregam formas contraditórias de resistência. Não enxergo o mérito das brigas mais polêmicas hoje, aborto, maconha, reforma política, casamento gay etc quando que briga é pior que suas causas. Não vou enumerar aqui porque desvia o cerne desta postagem.
Bem, eu vi, hoje, que um grupo de manifestantes protestou em frente ao prédio da TV liberal, filiada à Rede Globo, cuja sede fica em Belém, capital do meu estado, o Pará. Digo, de antemão que não demonizo a Rede Globo, porém, ela faz parte da lista de canais que menos assisto. E meu propósito não é “advogar” por ela.
Para dizer a verdade, como professor de literatura e repórter aprendi a criticar tudo o que vejo. E só determinar minha opinião depois de refletir bem. Tenho a visão que Eduardo Galeano e outros estudiosos defendem ao sintetizar os meios de comunicação na fala de um anônimo: “Os ricos urinam em nós e a mídia nos diz: ‘É chuva!’”. Só que isso não me faz pensar que qualquer arma serve pra derrubar essa estrutura de poder vergonhoso, contido nessa declaração.
Contudo, as hostilidades com a Rede Globo pra mim são fajutas, haja vista que acredito que há formas mais substanciais de resistência ao que ela e outras mídias por ai – ops, por aqui no Brasil – andam vendendo.
Voltando ao fato, li que os manifestantes na capital lançaram balões de tintas e fezes – armas de protesto(?) –, reivindicando a democratização da mídia. Reconheço que no Brasil são poucas as famílias que tem o poder midiático na mão, o que as ajuda a perpetuarem seus discursos alienantes e permanecerem explorando o povo. E o pior, saqueando com toda polidez nossas riquezas via governo burguês.
Por outro lado, faz tempo que não vejo nesses movimentos sociais de partidos anti-burguês o mínimo de honestidade pra conduzir disputas democráticas. Ou defender os interesses do povo. Só pra começar, muitos usam aquele jargão de revolução comunista, marxista e o escambau de bico... Onde que esquerda leninista, ou trotskyana, e democracia andaram junto?
Para não me hostilizarem como direitista, abro o jogo. Eu me considero apartidarista e assim dá pra avaliar e criticar todos sem o rabo preso. E mais, prefiro observar o mundo por uma perspectiva anarcocristã.
Só que essas questões ficam pra outra hora.
Voltando novamente ao fato. O motivo da ação ter sido hoje, entre outras coisas, é porque o ato acontece no “Dia Nacional de Luta”, onde centrais sindicais e movimentos estudantis se reuniram em protesto, para reivindicar melhorias nas condições de trabalho.
Para dizer a verdade, acho que o gancho com esse “Dia Nacional de Luta” não é para aumentar a força do povo, através da conquista de mais espaço na mídia. Sei que não são poucos que vão me contraditar, afirmando que sou conformado por ter um blogzinho, ou justificar a pobreza das opiniões que reúno aqui porque sou frouxo – ou coisa do tipo. Claro que a opinião dos contraditores não vão passar de um jeito bem aristotélico de fugir do cerne do assunto.
Deixe eu voltar de novo. Também foi gaiato ver os comentários na página do face diminuindo a atitude de protesto, porque, foi usado merda de cavalo. Só que a graça se vai quando começamos a calcular a realidade do fato.
Porém, vejamos alguns dos comentários favoráveis ao manifesto:
Tadeu Lima disse: “Esterco sendo jogado contra o excremento!”; já Haroldo Roll: “Que pena que só jogaram fora, deviam ter jogado dentro”. Para Rogério Dantas o ato foi: “Justo!” e para Hugo Lourenço: "Fezes que nada! Pelo que tá parecendo é BOSTA DE CAVALO, OU BOSTA DE VACA mesmo! Deveria ser de vaca, pois, se nova, é mais mole e fede mais! Ou, então, pega a de porco!”.
Essa gente toda parabenizando a manifestação não me convence.
Entendo que se fosse em frente a casa desses comentaristas a coisa realmente ia feder. Ou, se um deles ou todos trabalhassem na parte de limpeza pública da Prefeitura de Belém, ou da emissora em questão, eles num iam achar cheiroso ter que pagar o pato, isto é, limpar a calçada toda.
E outra, se for verdade que essa juventude de hoje, e os velhos militantes que fazem a cabeça dessa garotada, desistiram completamente de fazer um enfrentamento constante, direto, conversando e debatendo o cotidiano da vida em sociedade, é melhor desistir de qualquer apoio a eles. E se também abriram mão de medidas rigorosas via confronto de idéias e argumentos fortes, então, estamos todos rodados. Se pegar em armas resolvesse tudo definitivamente, as grandes guerras deixaram o paraíso como herança.
Enfim, já que voz, idéias, debates e políticas de esclarecimentos dizem menos que atos maquiados de resistência revolucionária, o retrocesso é o próximo estágio se essa mídia se democratizar na mão de novos ditadores. E a nova censura virá. Afinal, os que antes eram marginais da democracia não perdoam, nem abrem mão de dar o troco, já que passaram tanto tempo fora do poder midiático.
(Com informações da Página NINJA – via Facebook)


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