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sexta-feira, 23 de agosto de 2013

6º SARAU DA LUA CHEIA - A poesia continua


Na noite de ontem (22), o Campus I da Universidade Federal do Pará (UFPA) recebeu a 6ª edição do Sarau da Lua Cheia – evento mensal e itinerante que mistura as artes, especialmente literatura e música, com amigos em gostosas rodas de bate-papo. O Tapiri, espaço de lazer e lanchonete universitária, acomodou os sarauistas. Embora tenha sido menor a participação do público, comparado a edições anteriores, o encontro proporcionou inúmeros espantos e deslumbres possíveis só pela arte.  
Como de praxe, o poeta, Airton Souza, fez abertura da noite de recitais e cantorias. Dessa vez o poema escolhido foi Madrugada camponesa, autoria de Thiago de Mello, classificado como poema de protesto pelo declamador.
A poetisa e membro da Academia de Letras do Sul e Sudeste do Pará (ALSSP), Eliane Soares, leu um trecho da obra mais lida do espanhol, Miguel de Cervantes, do século 16.
“Aquela que considero ser a maior obra da humanidade, na minha modesta opinião, mas ousada, é o Dom Quixote. Para mim não existe obra maior”, afirma.
Os poemas de Alberto Caeiro, um heterônimo do grande poeta português, Fernando Pessoa, fizeram parte do repertório de recitações de Gilson Penalva, professor reconhecido por trabalhos de crítica literária e suas lições no curso de Letras da UFPA.

Claudia Borges, professora que coordenou a Biblioteca do Professor, fez menção a Penalva – porque este influenciou positivamente sua formação enquanto acadêmica – bem como recitou mais textos de Alberto Caeiro.     
O cantor, Xavier Santos, apresentou um causo escrito por Jessier Quirino, cujo tom de protesto contra a classe política brasileira gerou gargalhadas e reflexões profundas. O texto é intitulado Virgulino Lampião, DeputadoFederá, marcado por uma linguagem própria do homem do campo. 
Eduardo Castro, atual presidente da ALSSP, declamou textos de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, que foi a criadora do pseudônimo, Cora Coralina. Além da homenagem à memória da autora, Castro parabenizou o projeto do sarau.
“Quero enaltecer, com todo louvor, a iniciativa desse sarau. Não sei se estou cometendo injustiças, mas ele teve como idealizadores, em primeiro plano, Eliane Soares, e como organizador o Airton Souza”, acentua. 
Segundo a organização do sarau, a presença de visitantes diminuiu, entre outras coisas, por causa do Giro Cultural, programação que tem movimentado a cidade durante os dias 21, 22 e 23 de agosto. Contudo, esse tipo de ocasião é mais que bem vinda, haja vista que são eventos culturais atraindo a comunidade. 
Mais de 20 pessoas ficaram à vontade no campus universitário e por toda a noite viveram poesia.     
Novas vozes – De acordo com Eliane Soares, o evento também tem estimulado à produção artística local e, especialmente, contribuído para descoberta de novos escritores.
“Todo mundo que ainda tem poema, mas ainda não saiu da gaveta¸ traz seus poemas. E ai, cada um vai lendo o do colega. Assim, a gente se conhece enquanto se lê”, pontua.
Estudantes de alguns cursos na UFPA aproveitaram o encontro para demonstrar seu apreço à arte literária.
A acadêmica de Ciências Sociais, Aline Gomes, tratou parte do poema Os ninguéns, assinado por Eduardo Galeano, escritor e jornalista uruguaio, autor do livro Veias Abertas da América Latina.
Lourdes Sousa e Kátia Guedes, ambas residentes em São Miguel do Guamá, cidade que dista mais de 500 km de Marabá, estão cursando o período intervalar de Licenciatura Plena em Letras. Elas comentaram que vão ficar com saudades, sempre que passarem pelas noites de lua cheia, uma vez que na semana que se segue estarão retornando àquela cidade.
Sousa entoou um dos poemas que compõe a antologia Ao Marulhardo Tocantins – lançada em razão do centenário de Marabá – uma obra da editora Literacidade, contendo textos de seis autores marabaenses, Abílio Pacheco, Airton Souza, Eliane Machado, Francisca Cerqueira, Valdinar Monteiro e Vânia Ribeiro. 
A educadora do CIEE – Centro Integrado de Ensino Êxito, Mirian Leila, encheu os pulmões e os ouvidos sedentos dos sarauistas com versos de Mário Quintana.
Cantorias – Nessa edição, a presença de Dona Mariana – personalidade que impactou os participantes durante a 2ª edição, realizada em abril deste ano – mais uma vez apaixonou os espectadores com suas novas composições musicais.   
Ela estuda numa das turmas da Escola Municipal Tereza Donato, formada por alunos do sistema Educação de Jovens e Adultos (EJA), e veio acompanhada pelo professor, Raimundo Nonato, participante assíduo dos saraus. Na oportunidade, Nonato tomou a palavra para encantar o público com poemas de Paulo Leminski. 
O jovem, Marcos Gomes Cardoso, chamado pelos amigos de Marquinhos Poeta, cantou novamente “Não sei, será?”, um dos hits mais pedidos durante as rodas poéticas.  
Para os sarauistas, esse encontro coroou o nascimento da Unifesspa – Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará – uma vez que os estudantes de toda a região já se preparam para construir um novo modelo de universidade. 


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