Tentativa de integração de posse faz da BR-230 campo de concentração
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Mais um dia
tenso no Bairro conhecido como “Invasão da Infraero” – situado no núcleo Cidade
Nova. Desde o dia 17 deste mês, mais de 200 pessoas avançaram na ocupação da
terra, ao lado do muro que ainda está em construção, na área da Piçarreira do
Aeroporto. Essa obra é da Secretaria de Aviação Civil e fica às proximidades da
Rodovia Transamazônica (BR-230).
Ontem de manhã
(26), oficiais da Polícia Militar (PM), sob a direção do Major, Marcio Raiol,
tentaram conversar com os ocupantes a fim de informar que a medida de
desocupação, conhecida como integração de posse, foi expedida pelo juiz federal,
Heitor Mauro Nunes. A reação dos populares deixou claro que essa medida não foi
bem vinda.
As centenas
de pessoas que há 10 dias atearam fogo no mato seco, que formava a maior parte
desse espaço, resolveram desta vez bloquear a Transamazônica, gerando um congestionamento
nos dois sentidos, entre Marabá e Itupiranga.
Eles usaram, além de madeira e galhos de árvores, pneus de caminhão para formarem uma fogueira, tomando por completo a via. E, durante toda a manhã, permaneceram na pista para garantir o fechamento.
Segundo um
dos representantes da associação de moradores, Valdemir Pereira Matos, a imensa
muralha tira o direito de ir e vir das mais de 6 mil famílias que residem nos
bairros vizinhos. Porém, não foi tática da associação manifestar na rodovia.
“É decisão do
povo vir. A gente da associação tentou fazer tudo pelo tramites legais, na
questão da justiça. Eles vieram de manhã, conversaram e fizeram tudo
pacificamente. A gente até concordou, só que o povo é que sabe. A nova invasão
não foi colocada pela associação. Foi o povo que tomou a decisão”, afirma Matos,
acrescentando que o advogado já está recorrendo e pedindo um audiência com o
juiz.
A maior parte
dos populares defendia que, enquanto as autoridades locais, estaduais ou
federais não se dispuserem a atender a demanda do povo, a manifestação ia
continuar.
“Foi feito um
mapa pela prefeitura de Marabá, documentado, e foi pedido as autoridades que
pleiteassem a nosso favor, para a gente ter o direito de ir e vir. Aquele muro
está isolando seis mil famílias. A reivindicação da associação é por cinco ruas
a mais. Tentamos organizar de uma forma pacífica e ai, hoje, chega essa liminar.
Na hora que todo mundo viu que era vinte e quatro horas para retirar o povo,
deu no que deu”, detalha Matos.
Os federais conseguiram
intermediar com os representantes da multidão e garantiram pelo menos que as
chamas fossem apagadas, uma vez que isso colocava em risco o pouso dos aviões.
Assim, os profissionais do Corpo de Bombeiros debelaram o incêndio na BR-230.
Contudo, a
massa popular continuou na manifestação. De dez em dez minutos elas abriam e
bloqueavam novamente.
De acordo com
a empresa, Infraero Aeroportos, esse muro faz a separação entre a área
residencial – conhecida como Bairro da Infraero – e a área de segurança.
Seu término
está previsto para o final de dezembro deste ano, mas, se dependem do povo que
afirma sofrimentos mil por causa da falta de moradia, esse muro nunca vai se
completar.
Sem teto – Atualmente, na parte pacífica e já
legalizada do Bairro da Infraero se encontram milhares de famílias e casas
construídas, ao longo do perímetro demarcado pelo muro. Porém, isso não conteve
o avanço de mais gente dizendo ainda sofrer com a falta de moradia.
Para o
pedreiro, Dário da Conceição Vaz, 33 anos, só quem está sabe da dificuldade.
“Tudo que eu
quero, só o que eu quero é um lote aqui dentro. Eu tenho é dois filho e uma
mulher... me diz aonde é que eu vou ficar?”, questiona Vaz.
Já o trabalhador
em serviços gerais, Giovane Almeida Braga (27), o lugar ia servir para morar
com sua família que mora de aluguel noutra cidade.
“Eu sou
ajudante geral e estou lutando aqui pelo meu lote, por um pedacinho de terra.
Pois eu tenho vontade de construir uma casa e poder trazer meus pais pra cá”,
sonha o morador de Cajazeiras – vila pertencente ao município de Itupiranga.
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