“Eu diria: ‘Isto
é o Brasil!’”, esta foi a resposta que obtive de meu amigo, e repórter de longa
data, Nilson Santos, o famoso “Cara-feia”. Ele é um dos repórteres policiais
mais conhecidos em Marabá e demais municípios na região sudeste do Pará.
Eu estava na
redação do jornal, junto com alguns companheiros de imprensa, e tinha
acabado de ler numa grande rede social a notícia alusiva às reportagens
bombásticas, que o SBT fez em série esta semana, acerca dos “médicos fantasmas”
no Rio de Janeiro.
Após alguns
minutos de perplexidade e consternação, tentando imaginar tudo que não pude
acompanhar via televisão, e digerir com repugnância, meti-me a questionar o
Cara-feia. Eu estava levando em conta toda experiência e vivência jornalista
que o caro profissional possui e, quem sabe assim, trazer algum conforto alma
minha tão povoada naquele instante pela má notícia.
A pergunta
que me veio à mente, ainda conturbada com aquela notícia, foi das mais simples.
Pedi ao colega que visse a postagem na tela do meu notebook, então fui falei: “O
que você me diria desse tipo de caso?”, seguida de uma reformulação: “O que me
diz de crimes assim?”.
A resposta
tácita e concisa do amigo Santos não podia ser tão chocante quanto o fato noticioso
que me incomodou. Mas o foi. “Isto é o Brasil!”. Como se não bastasse mia
compreensão mais uma vez espantada, cerca de um segundo depois, ouço de chofre
meu sapiente editor, Chagas Filho, confirmando a autoridade e coerência da
resposta dada por Nilson Santos.
Alguns
sorrisos vieram na companhia de todo esse contexto, só que não nego meu espanto
como aquela idéia fixa machadiana.
Foi muito pra
minha cabecinha. Minha mente permaneceu semelhante a um satélite em suspensão
de seu mundo.
Pra
finalmente compreender tudo – se é que deu – tive que vencer a impermeabilidade
dos meus sentidos que ainda se negam e se digladiam a crer: “Isto é o Brasil”.
E, caso
alguém ainda esteja por fora igual bunda de índio, ou sendo politicamente
correto, uma vez que a bunda indígena merece mais respeito que as das
carnavalescas que nos afrontam os olhos ano a ano – até parece que sinônimo de
Brasil é “bunda de fora” – eu diria que...? Vish! Deixa eu parar por aqui, pois
já saí do mal uso de uma bunda – crendo que ia me retratar – e já estou na
critica doutra pior ainda... Aff!
Enfim, não
recordei nenhuma comparação semelhante no momento. Nem tô a fim de usar uma de
minha “própria autonomia”. Então, vamos ao que é importante, e veja no texto
negritado abaixo parte do que aconteceu. Eis o que li no post facebookiano:
Curta Brasil Contra Corrupção
O SBT exibiu hoje, terça-feira (27), a
segunda parte de uma reportagem mostrando médicos saindo do Hospital Estadual
Roberto Chabo, em Araruama (RJ), poucos minutos após assinarem o ponto.
Os profissionais mostrados hoje são
médicos políticos, pois atuam nas duas áreas. Um deles, Marcelo Amaral, fez sua
campanha como vereador, pelo PT, se autointitulando "O Médico do
Povo". Segundo o Ministério da Saúde, ele tem 13 empregos e trabalha 119
horas por semana, além do cargo político.
Outro médico flagrado batendo o ponto
e saindo em poucos minutos foi o ginecologista Amilcar Cunha Ferreira,
ex-vereador, ex-vice-prefeito e ex-secretário da saúde. Segundo a reportagem,
ele trabalha 36 horas por semana, no hospital e em sua clínica.
Parabéns SBT
– “Para nooooooooooossa tristezaaaaaaaaaaa!!! Isto é o Brasil?”
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