Na manhã de hoje (17), os
céus de Marabá ficaram tomados de fumaça. A origem foi o fogaréu formado ao
lado do muro quilométrico, que divisa o Bairro da Infraero – fruto de invasão
recente que na gestão anterior (Maurino Magalhães) foi legalizada em favor dos
populares – das terras
não ocupadas. Nos últimos anos, esta não seria a primeira tentativa de invasão.
Hoje, lá se encontram
milhares de famílias e casas construídas ao longo do perímetro demarcado pelo
muro. Porém, isso não conteve o avanço de mais gente dizendo ainda sofrer com a
falta de moradia.
Centenas de pessoas atearam
fogo no mato seco que formava a maior parte do espaço – à direita da imensa
muralha, no sentido de quem segue pro município de Itupiranga.
Segundo o
pedreiro, Luis Paixão, que estava acompanhado com mais três amigos, entre estes
o pintor, Antônio Elson, as pessoas estão dando a “cara à tapa” porque
necessitam de moradia.
“Todo mundo aqui
precisa. O povo quer ter um lote para morar. Num é pra pegar e vender depois
não. As autoridades precisam entender que a gente precisa de moradia e não agüenta
mais pagar aluguel, pois o salário já é pouco e ainda tem que sustentar a
família com três meninos, compadre. Assim, ou você vai roubar, ou vai vender
drogas. E isso num dá pra homem sério não”, afirma Paixão.
Munidos de facão, fita
métrica, gasolina ou material inflamável e isqueiro, grupos com dois ou mais
integrantes iam demarcando os lotes. Eles fincaram pedaços de galhos de árvores
e tocos de madeira ao chão, depois passavam fita, corda, fio fechando o que
seria o lote.
Desde a Rodovia
Transamazônica (BR-230), à altura do prédio que fica o Corpo de Bombeiros
Militar do Pará, era bem visível a cortina de fumaça.
Nossa reportagem se
dirigiu pra lá e, ainda aos pés da rodovia, já se evidenciou homens e mulheres
aguardando a passagem do fogo. Isto é, após o matagal ser consumido pelas
chamas, eles continuavam o ofício a que vieram. Alguns estavam sentados em
tumbas, no chão, ou mesmo em pé, nos limites do cemitério da Saudade com o
terreno parcialmente murado pela empresa de aviação.
À medida que as ações
ocorriam mais pessoas iam adentrado ao terreno, tanto pelo portão principal,
quanto pelos diversas “portinholas” abertas na extensão da muralha. Contudo, os
funcionários da empresa não se manifestaram contra e permaneceram na guarita.
Pelos menos duas
informações corriam à torto na boca dos munícipes, e foram repassadas à
reportagem no local. A primeira de que uma organização de moradores ia rever
todos os lotes demarcados, para que tudo seja feito igualitariamente. Segundo,
que algumas viaturas da Polícia Militar e Federal que empreenderam ronda no perímetro
havia retido cerca de dois homens, que seriam cabeças dessa empreitada. (Tais
informações ainda vão ser checadas, podendo, então, não passar de boatos).
(Atualização em 19/08/13)
(Atualização em 19/08/13)
Área de segurança – De acordo com a Infraero Aeroportos,
o espaço invadido é considerado área de segurança, destinada a operação de
aeronaves, uma vez que o aeroporto João Correa da Rocha fica naquelas
imediações. O local onde existem as residências estão bem próximas da área de
risco, o que já representa grande preocupação.
O muro que ainda
está em construção, na área da Piçarreira do Aeroporto, é uma obra da
Secretaria de Aviação Civil, no valor de R$ 1,5 Milhões. Ele faz a separação
entre a área residencial, conhecida como Bairro da Infraero, e área de
segurança, e seu término é previsto para o final de dezembro deste ano.
O aeroporto
de Marabá situa-se à margem esquerda do Rio Itacaiúnas, em local denominado
Quindangues. É limitado ao norte por terrenos de terceiros, a leste pelo Bairro
do Amapá, ao sul pela BR-230 (Rodovia Transamazônica). Tais limites preocupam o
bom andamento das atividades do aeroporto, haja vista que as expectativas, quanto
às demandas de viajantes, em se usar os serviços de aviação tendem a aumentar. Muro quilométrico sofreu abertura em diversos pontos que serviram de portas |
Policias Militar e Federal faziam ronda. |
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