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sábado, 23 de dezembro de 2017

ESCOLA SEM PARTIDO – Pais e responsáveis perdem os filhos para a técnica do “CONFORMISMO”



























Anderson Damasceno

Desde 2013, rola no Brasil a tradução de uma obra excepcional, isto é, o livro do francês Pascal Bernardin, intitulado “Maquiavel Pedagogo”. Esta obra oferece, logo de cara, um segundo título que já adianta muito de seu conteúdo: “Maquiavel Pedagogo ou o ministério da reforma psicológica”, agora sim escrito na íntegra. 
Essa ênfase na introdução do texto serve, exatamente, para destacar que, não apenas os alunos, mas as escolas e as salas de aula, os professores e seus coordenadores pedagógicos, os pais e as comunidades escolares, podem ser alvos de uma pedagogia maquiavélica. Leia-se “pedagogia maquiavélica” no sentido de um programa de ensino em que “os projetos escolares são a aplicação direta dessa filosofia manipulatória”, em que os estudantes não vão ter contato com as ferramentas necessárias para desenvolver a “autonomia intelectual”, (Bernardin, 2013. p. 12).
A partir de agora, vamos ver três coisas. Uma das técnicas apontadas por Bernardin e, em seguida, como ela pode ser aplicada nas salas de aula, com alunos do nível fundamental ao superior. Depois disso, veremos de que maneira o projeto Escola Sem Partido pode contribuir contra essa manipulação que mata a autonomia intelectual dos estudantes. Ou pelo menos tenta matar no ovo.

I
Em sua pesquisa, Bernardin apresenta mais de 10 técnicas de manipulação psicológica. Entre elas está a d’O conformismo, que foi estudada por A. S. Asch, ao averiguar os efeitos da pressão de grupo na modificação de julgamentos. Ou seja, Asch fez uma experiência que comprova que as pessoas têm tendência ao conformismo (Bernardin, 2013. pp. 18-19).
De início, pode não parecer assim uma grande novidade, mas, vale a pena entender como que essa experiência funciona.
Ao sujeito avaliado, melhor dizendo, a pessoa que é a “cobaia” nessa experiência e, obviamente, não sabe o que está acontecendo ali, apresenta-se uma linha traçada sobre uma folha. Além dela, há três outras linhas de comprimentos diversos. Em seguida, pede-se ao sujeito que aponte, entre as três linhas, aquela em que a medida seja igual à da linha-padrão. Vamos supor que a linha-padrão tenha 8 centímetros, enquanto que as outras três linhas medem 6, 10 e 8 centímetros.
Nessa experiência, há quatro pessoas associados ao pesquisador, no caso, o cientista Asch. E esses quatro indivíduos vão responder igualmente errado. Eles vão escolher uma linha de tamanho visivelmente incompatível com o da linha-padrão. A pessoa testada vai responder somente depois de ver os outros quatro indivíduos respondendo. Pois bem, ela tem duas alternativas: ou também dá uma resposta errônea ou se opõe à opinião unânime do grupo.
Asch fez esse experimento repetidas vezes, sendo que, em algumas situações, aqueles quatro colaboradores respondiam de modo correto. A conclusão estatística foi a seguinte: aproximadamente três quartos dos indivíduos realmente avaliados deixam-se influenciar nos ensaios, dando uma ou várias respostas errôneas. Mesmo que a questão não ofereça qualquer dificuldade.
Asch verificou também que, nos testes em que não há aquela pressão, digo, aquele acordo entre os quatro colaboradores e o cientista, o percentual de acerto chega a 92%.
O engraçado é que, depois dessas experiências, os sujeitos conformistas foram entrevistados e afirmaram depositar sua confiança na opinião da maioria, mesmo vendo que o tamanho das linhas escolhidas era evidentemente errado. Outros disseram se conformar com a opinião do grupo para não parecer inferiores ou diferentes. Eles não têm consciência de seu comportamento.
Antes de terminar esse ponto, vale ressaltar que, nessa experiência, se um dos colaboradores dá a resposta correta, o indivíduo avaliado então se sente liberto da pressão psicológica do grupo e dá, igualmente, a resposta correta. E olha que essa experiência não contava com aquelas situações em que os grupos fazem ameaças ou sanções, como acontece na nossa realidade social.

(Atualização 29/12/17)
A segunda parte da postagem segue no link: ESCOLA SEM PARTIDO – Os GTs como ferramentas do Conformismo e depoimentos de mãesA 3º parte será inserida na postagem seguinte do Blog OA.  

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