O silêncio entre nós (Anderson Damasceno)
A frieza de um oi,
Pior que o silêncio,
Maltratando mais que o olhar
escuro,
Na mulher, a franja...
Ou mesmo no homem de cabelo
curto.
E o caminhar a que se segue é de
vazio.
Não é falta de sentido,
É vazio que dali a alguns
segundos vai se organizar,
Mas se demorar anos, essa cena
vai ficar,
Porque o acontecido conseguiu
angustiar.
Me angustiar?
Átono como se a ausência não
pudesse ser pior que o silêncio,
Ou como se o som fraco também
escondesse dor imensurável,
E aquela pessoa que não te disse
te amo,
E deixou passar...
A vida?
Deixou passar a necessidade de se
doer
O que há pra ser doído.
Mas nunca aceitar o oi frio, o
olhar escuro,
A boca maldita sendo um buraco do
mundo.
O silêncio entre nós,
Também feito de uma natureza
avessa ao amor,
Já esteve nas bebidas mais
mortíferas dos amantes.
E, agora,
Você carrega na aliança do teu
marido.
Eu poderia zoar com Frodo, Bilbo
Bolseiro,
Ou até com o Sméagol.
A poesia também pode passar por
aqui,
Só que mesmo no caminho dela
Há morte para o leitor de doces.
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