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domingo, 22 de julho de 2018

POEMA – Adolescente desconhecido (Anderson Damasceno)


POEMA – Adolescente desconhecido (Anderson Damasceno*)

I
Em algum lugar do Bairro que eu moro,
Numa cidade que não importa citar,
A voz do adolescente,
Sórdido,
Desponta a soar.
É noite, as casas se fecham,
Mas os menores, que se avizinham,
Reúnem-se pra conversar.

Dá até saudade do tempo,
Que 9 da noite,
Mãe dava ordem pra deitar.
Era infância, eu sei,
Mas com 15 ou 16,
Morando com tios,
Só ficava até 10 se fosse pra trabalhar.
E a desculpa da festa na escola
Também tinha hora pra terminar.

O papo é vil. É desgostoso!
Quisera eu poupar-me de falar...
Só que se nesse lugar aqui
Brota,
Tem mais gente precisando escutar.

II
Há mais gente querendo normalizar.
Geralmente, uns inteligentinhos,
De cunho progressista,
Gente sábia, metida a terrorista,
Tomados de empáfia, sorriso de humanista.
Chamam de ousado o degredo adolescente,
Que atinge duplamente cidadãos e inocentes,
Os menores, por inimputáveis de crime,
As famílias, amedrontadas por seus crimes.
E alguma opinião contrária?
É coisa de cidadão de bem,
Uma outra gente chata,
E indecente,
Quem querem calada,
Bastando usar-se fuzil do nada
E injustamente.

III
“E sim, qual é a cachorrada dos menores?”
Tolo leitor de esquerda, não me apresse o digitar,
Gostaria de ter pena, duas vezes a pena,
Ou as duas penas,
Pra poder te calar.
Mas, faço melhor,
Não digo,
Vou deixar tua hipocrisia te asfixiar.

Pouco importa, se a mentalidade sórdida,
Plantada,
É a de que o professor não reprova,
Não dá aula,
Pois não há caso de alunado saber mais,
Ou que saiba menos,
A promoção vem de lei inconsequente.
O que importa agora é o saber diferente,
Dar aula de gangues, vegania, sexo com maça,
Make queer e cheguevaria.
Agora só há inclusão, mas com exclusão
Do cálculo,
Da língua,
Da ciência cara.
Não, ninguém liga, se o garoto sabente,
Por isso tudo, não estuda,
O conhecimento não alarga,
Porque sabe no novo ano vai ter vaga.
Noutra escola, mais ou menos robusta,
Só importa que ninguém o trava.

IV
Difícil saber em que medida
A culpa vem da criança
Que o adulto fez criar.
Ou se é justo eximir infantes,
E adolescentes,
De qualquer coisa pra responsabilizar.
Mesmo assim, vou tentar nesses versos,
E só nesses versos,
O sentimento de culpar.

[...]

*Anderson Damasceno Brito Miranda é natural de Marabá, Pará, nascido a 8 de julho de 1985. Mas, residiu por longos anos em outros municípios do estado como Altamira e Goianésia do Pará. Retornou para a cidade natal em 2004, onde passou a morar, novamente, com a família. Aos 19 anos, fez confissão de fé em Cristo. Em 2005, ingressou para o curso de Letras na Universidade Federal do Pará (UFPA), Campus Marabá, onde hoje é o Campus I da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa). 

O poeta leciona inglês, português, redação, artes e literatura. Também é repórter, fotógrafo e blogueiro.
Participou do Concurso de Poesia Professor(a) Poeta(isa) na sua última edição, realizada em 2011, em que alcançou o segundo lugar. E participa, ativamente, do concurso anual realizado pela Academia de Letras do Sul e Sudeste do Pará (ALSSP), intitulado Prêmio Inglês de Sousa, em que logrou a primeira colocação no gênero poesia, durante a edição do ano 2014.
Atualmente, trabalha no Instituto de Ensino A+, Preparatório de Medicina Everest. Além disso, é assessor parlamentar e assina o blog Olhar do Alto (OA).
Até outubro de 2016, o literato fez parte do coletivo de poetas e artistas do Sarau da Lua Cheia, sendo um dos co-fundadores do movimento, ao lado de Airton Souza, Eliane Soares e Xavier Santos. O Sarau da Lua Cheia é um evento artístico e cultural que iniciou em março de 2013, de caráter itinerante, que acontece em Marabá, uma vez por mês, promovendo a leitura, o livro e a divulgação das obras de autores paraenses.
Também foi membro-fundador da Associação de Escritores do Sul e Sudeste do Pará (AESSP), mas dissidiu por discordar da mentalidade esquerdista que passou a dominar a direção da instituição, após a queda do governo Dilma Rousseff, que manteve o PT no poder por quase 14 anos, isto é, 14 anos que foram, sem sombra de dúvidas, um dos piores projetos de poder e o maior escândalo de corrupção que o mundo já conheceu.




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