Grupo de Ação Cultural reivindicou espaço e pediu apoio
às autoridades políticas e empresários para criação de sede
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Na
última sexta-feira (20), o Bairro São Félix Pioneiro sediou a 16ª edição do
Sarau da Lua Cheia, evento artístico e cultural que ocorre a cada mês, num dos
núcleos de Marabá. A anfitriã desse encontro, Vanda Melo, recepcionou a
comunidade e o Coletivo de Poetas e Artistas do Sarau no espaço conhecido como
Voz do Remir, situado próximo à Praça Cipriano Santos. Os moradores dividiram o
ambiente com alunos da Escola Estadual Dr. José Cursino de Azevedo, localizada
na Folha 10, e professores da Universidade Federal do Sul e Sudeste Paraense
(UNIFESSPA), na Folha 31.
Uma
equipe de cinema de Belém, que visitava Marabá estudando a cultura,
impressionou o público ao informar que os membros estão projetando filme, em
curta-metragem.
A
anfitriã do evento fez a abertura com discurso de boas-vindas, em nome do Grupo
de Ação Cultural (GAC) que atua há 10 anos naquele núcleo.
“Estamos
encabeçando a construção de uma biblioteca comunitária esses anos. E queremos
que o sarau marque a nossa luta por um espaço de leitura aqui no São Félix
Pioneiro”, afirma Vanda Melo, que recitou um poema de Elisa Lucinda em homenagem
às mulheres, intitulado “Aviso da Lua que menstrua”.
Eliane
Soares, poetisa e professora na UNIFESSPA, assumiu a palavra para explicar o
projeto do sarau, enquanto lugar de apreciação da arte em que os moradores são
os poetas. “Esse momento é para crianças ou adultos, quem sabe ou não ler, para
contador de histórias e cantores”, detalha.
Airton
Souza, poeta que ao lado de Soares arquitetou o movimento sarauista, homenageou
o paraense Max Martins. Em memória do escritor que, se vivo, estaria
completando 88 anos, Souza colocou em relevo que todos os poetas devem a Max,
inclusive os que não o conheceram.
POESIA SEM LIMITES
A noite aproximou muitas ideias e situações extremas. A artista plástica e escritora, Creusa Salame, cantou versos sobre Belém do Pará, mas, antes disso, observou que a forte paixão por Carajás não pode causar impedimentos para a arte.
A
professora da escola José Cursino, Katiucia Oliveira, declamou alguns poemas da
obra, Pó É Mar. Ela comentou o que é trazer os alunos para esse tipo de
programação. Embora seja difícil ter carros que levem todos, o trabalho é um
grande investimento na formação intelectual e cidadão dos jovens.
E
a participação de alunos rendeu bastante. O aluno dela, Kiudemberg, deu voz à
poesia de Ademir Braz. Marcelo Leal, também aluno, leu versos de Creusa Salame.
O estudante, Josimar Alves, 52 anos, falou dos camponeses e da guerrilha, além
de recordar a história de como o padrasto dele foi preso. O jovem cantor, Isaías
Barros, tocou composição do Rosa de Saron, banda conhecida, principalmente,
pela fé católica.
O
alunado da Escola São Félix também relatou a participação no Clube do Livro e
de como isso tem melhorado o desempenho. A maioria leu livros de autores da
região e puderam conhecer de perto alguns dos escritores, pois, vieram ao
evento.
O
escritor da obra Marabá Guaridas, Adão Almeida, cantou texto que trata dos festejos
de São João. Javier Di Ma-y-abá escolheu a obra À boca da noite, título do
amigo Airton Souza, e partes da narrativa de Bartolomeu Campos de Queirós,
Vermelho Amargo.
Aliane
Alencar realizou um relato de memória sobre a biblioteca que havia no bairro. Os
livros foram empacotados e até hoje estão numa casa de um professor. Por isso,
hoje lutam por uma sede, mas ainda não conseguiram um terreno. Já mandaram
carta ofício a Câmara Municipal de Marabá (CMM) e estão fazendo campanhas
otimistas na comunidade.
Antes
do encerramento, os participantes cantaram parabéns para Suely Fortunato,
apreciadora da arte e entusiasta do movimento.
O
grupo de produtores estava fazendo laboratório em Marabá, para produzir um
curta-metragem envolvendo a cultura local. Eles foram convidados pelo professor
da UNIFESSPA, Clei Souza, que acompanhou a passagem da equipe na cidade.
Mateus
Moura, diretor dessa produção, não ficou apenas assistindo e foi declamar. Ele
já dirigiu o curta “Matinta Pereira”. O conteúdo da película trata da biografia
de Vanderlei, personalidade que vai ser o protagonista do curta-metragem.
Ramon
Labandone, que faz parte do grupo de cineastas belenenses, parabenizou ao
público participante do Sarau da Lua Cheia.
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