...Perainda! Há ideias tóxicas. Algumas até vestidas de bom e natural pensamento. E elas conseguem, com efeito, envenenar não apenas a mente das pessoas, mas todo o corpo.
A bioquímica do cérebro parece uma cadeia. Em ambos sentidos.
Ou o efeito das ideias se alastra, dominoricamente, ou elas nos enjaulam.
Envenenam
o corpo, envenenam o tempo presente. Há ideias que seguem intoxicando, sabe-se lá até que
ponto, todo o futuro de alguém.
Caso
a toxicidade dessas ideias não seja identificada, combatida e remediada, sua
influência seguirá provocando prejuízos na cabeça do portador-intoxicado. E isso é pior que pensar com o fígado.
No
meu caso, sofro com a paralisação, por horas ou dias, com a improdução, por
horas ou dias, e com a morte, ainda no ovo, de algumas boas ideias, de alguns
bons projetos. Sonhos!
É
praticamente uma autossabotagem. Só que sem delineado, Xamu!
Sinto
que a fábrica de maus pensamentos é como um órgão que nasce com você e é
necessário saber conviver com sua fisiologia.
E
olha que muitos dos fluxos mentais aos quais, em tese, estou me referindo aqui
sequer têm a ver com temas políticos: revoltas contra os poderosos políticos
promesseiros pra pobre, ou do tipo de indignação que em qualquer cidadão faria
cogitar crimes, quase que como um uso estratégico de seu réu primário.
Nada
disso aí!
Muito
me impressiona a capacidade de certos pensamentos negativos – e que aparecem,
muita vez, como se fossem simples reflexões, frases soltas na cabeça, sinapses
sem origem etc., porém, no cálculo final seu produto ganha a força de um autorrebaixamento
avassalador. Seriam algo do tipo: “Voices from my head” só que no nível very
hard.
Entendo
que esse assunto é bastante estudado por especialistas do ramo da psique. E, de
certo modo, poderia este meu texto (e o autor) servir(em) de paciente(s) e de
cobaia(s) ao exame dos gabaritados, ao escrutínio de todos os doutos dessa
especialidade. E acredito sim que seriam capazes de diagnosticar as causas profundas
que motivaram minha alma se expressar desta forma e não de outra.
De
fato, sequer tenho interesse de refutar ou refundar aqui nenhuma das teses
cunhadas pelas senhoras e senhores desse ramo. Não vou brigar, não por falta de
hábito, afinal, gosto muito de bons embates científicos. Apesar de enojar
Foucault, também me sinto livre para refletir atravessadamente os ramos que me
interessam sem pedir permissão pra ninguém.
Não
quero questionar se a negatividade pensamentosa é oriunda de pulsão daqui ou
dali.
Contudo,
o que nesta hora ocupa minha mente é: embora existam os conhecidos “defeitos de
fábrica”, isto é, as doenças e desfuncionalidades do psiquismo humano, e mesmo
que haja os acidentes filogenéticos ainda desconhecidos da ciência, em algum momento
OS SERES HUMANOS ACREDITAM MESMO QUE VÃO ACABAR COM OS MAUS PENSAMENTOS?
Reformulando
essa pergunta de outra forma: “É sério que tem gente entendendo que na vida as
pessoas só odeiam porque foram ensinadas a odiar?”. Há impulsos negativos até
contra si mesmo, quem dirá contra outros.
Somos
o que somos. É bem melhor encarar essas coisas de frente. Sobretudo, as de
dentro da cabeça. Mesmo que elas insistam aparecer de forma escondida. A gente
já sabe que elas estão lá.
O
coringa não é o problema da humanidade. Mas, sim, certas humanidades.
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