Entre
os dias 1 e 7 de setembro, período conhecido como Semana da Pátria, milhares de
pontos de votação estão espalhados por todo o Brasil para a votação do
Plebiscito Constituinte. Membros de comitês populares e movimentos sociais
estão encabeçando o projeto cujo objetivo é acelerar o processo de Reforma
Política. O Plebiscito Popular permite que milhões de brasileiros expressem a
sua vontade política e pressionem os poderes públicos a seguir a vontade da
maioria do povo.
Em
Marabá, locais como universidades, escolas, igrejas e associações estão
reservadas para a visita do público votante, cidadãos e cidadãs acima de 16
anos.
A
população brasileira está sendo consultada para decidir se é a favor ou contra
a realização de uma Assembleia Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema
Político.
Essa
campanha já está formada por uma lista com 416 organizações e movimentos sociais,
nacionais e estaduais, agregando em todo o país mais participantes, além de
orientar como funciona a criação de comitês populares.
Segundo
Edilson Gondim, estudantes de Ciências Sociais na Universidade Federal do Sul e
Sudeste do Pará (UNIFESSPA), a ideia do Plebiscito Constituinte surgiu a partir
das manifestações populares, realizadas em junho de 2013, quando milhões de
brasileiros ocuparam as ruas das principais capitais e cidades protestando por
várias causas. Entre elas, a principal era e ainda é a luta contra a corrupção,
principalmente, no meio político.
“A
presidenta Dilma Roussef tentou dá uma equilibrada no Brasil naquele momento
turbulento, através de alguns pactos. E um deles foi a proposta da reforma
política, isto é, a elaboração de uma constituinte. Só que ela, enquanto
presidenta, ia propor para o Congresso Nacional, já que na Constituição diz que
somente ele poder puxar. Mas, por causa da pressão do Legislativo e Judiciário,
Dilma recuou”, relata.
Ainda
segundo Gondim, que é mesário no posto de votação situado no campus I da
UNIFESSPA, a partir disso, os movimentos sociais, especialmente da via campesina, MST,
MAB, MPA, bem como o Levante Popular da Juventude e entidades que atuam em
nível nacional, começaram a cogitar essa proposta de plebiscito. Desde novembro
de 2013, esses movimentos organizados começaram a se reunir para puxar a mobilização
do povo brasileiro, a fim de acelerar esse processo.
“Fizemos
tudo até chegar nesse momento, para votarem nessa proposta. É algo bem
abrangente. Quem votar a favor, por exemplo, pode mudar a forma do
financiamento de campanhas políticas”, acentua.
Fábio
Rogério de Lima, estudante de Engenharia da Computação na UNIFESSPA, compareceu
à votação.
CONHEÇA
MAIS SOBRE O MOVIMENTO
O QUE É UMA
CONSTITUINTE?
É
a realização de uma assembleia de deputados eleitos pelo povo para modificar a
economia e a política do País e definir as regras, instituições e o
funcionamento das instituições de um Estado como o governo, o Congresso e o
Judiciário, por exemplo. Suas decisões resultam em uma Constituição. A do
Brasil é de 1988.
POR QUE UMA CONSTITUINTE
EXCLUSIVA E SOBERANA DO SISTEMA POLÍTICO?
Para
as entidades vinculadas a campanha do Plebiscito Constituinte, as mobilizações
das ruas, que ficaram conhecidas como “Jornadas de junho de 2013”, obtiveram
conquistas em todo o país, como as revogações dos aumentos das tarifas dos
transportes ou até diminuição da tarifa em algumas cidades, o que nos
demonstrou a relevância dos protestos. Porém, a grande maioria das
reivindicações não foram atendidas pelos poderes públicos.
Não
foram atendidas porque a estrutura do poder político no Brasil e suas “regras
de funcionamento” não permitem que se avance para mudanças profundas. Apesar do
direito ao voto direto nas eleições, os comitês defendem que existe uma
complexa teia de elementos, usados nas Campanhas Eleitorais, que “ajudam” a
garantir a vitória de determinados candidatos.
A
cada dois anos, a lógica do sistema político apresenta dados dos candidatos
eleitos, indicando que os gastos de campanha deles é muito maior que os não
eleitos. Isso, então, demonstra que um o poder econômico é decisivo nas
eleições. Além disso, o dinheiro usado nas Campanhas tem origem, na sua maior
parte, de empresas privadas, que financiam os candidatos para depois obter
vantagens nas decisões políticas.
Por
causa desse quadro, a composição do Congresso Nacional é de deputados e
senadores que fazem parte da minoria da População Brasileira.
Conforme
os dados indicados pelos arquitetos do plebiscito, o congresso possui mais de
70% de fazendeiros e empresários (da educação, da saúde, industriais, etc),
sendo que maioria da população é composta de trabalhadores e camponeses, 9% de
mulheres, sendo que as mulheres são mais da metade da população brasileira,
8,5% de negros, sendo que 51% dos brasileiros se autodeclaram negros. Além
disso, menos de 3% de jovens, sendo que os jovens (de 16 a 35 anos) representam
40% do eleitorado do Brasil.
Portanto,
a conclusão seria de que o Congresso não representa todas as parcelas que
formam a população do Brasil, nem resolverá os problemas fundamentais e
emergentes da sociedade (educação, saúde, moradia, transporte, terra, trabalho,
etc.). Então, solução é mudar “as regras do jogo”, isto é, mudar o Sistema
Político Brasileiro.
Nessa
perspectiva, só será possível tamanha mudança se a voz dos milhões que foram as
ruas em 2013 for ouvida. Como não se espera que o atual Congresso “abra seus
ouvidos”, as organizações partiram para a ação, organizando um Plebiscito
Popular que luta por uma Assembleia Constituinte, que será exclusivamente eleita
e terá poder soberano para mudar o Sistema Político Brasileiro.
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