SBT
Na noite deste domingo,
por volta das 23h, lideranças indígenas acampadas às margens da BR-230, deram
entrevista coletiva para informar à sociedade, justiça e forças de segurança do
país, que estão preparados para a guerra, caso sejam tratados como vândalos. Os
Líderes indígenas, Luiz Xipaia, Gilson Curuaia, Tety Arara, Rodrigo Xipaia, Léo
Xipaia, Kwazydu Xipaia e Guerreiros Parakanãs, comandando mais de 200 índios
que estão com mulheres, idosos e crianças na via, foram enfáticos e Informaram
que não vão sair, nem dar passagens a nenhum veículo da empresa Norte Energia
ou CCBM.
Os índios informaram
também que estão preparados para tratar as forças de segurança da mesma forma
que forem tratados.
“Se eles vierem para nos
afrontar, eles serão afrontados também, nos também estamos armados com nossas
flechas, se eles querem derramar sangue em Belo Monte, então eles vão ver
sangue derramado aqui” Disse Luiz Xipaia.
A notícia de que a
justiça pode tirar a força os índios, e notificações judiciais que determinam a
saída dos guerreiros nas entradas das obras de Belo Monte, revoltou as 5 etnias
que participam dos protestos que já duram 5 dias, na Volta Grande do Xingu.
“Enquanto estamos
tentando negociar, buscar um diálogo com a empresa, eles estão com vários
advogados por trás, tentando tirar a gente à força daqui. A gente não veio para
brincar, a Norte Energia tem que sentar e resolver nossos problemas de uma vez
por todas, se não nós vamos agir do nosso jeito, quem fez a constituição dando
direitos para os índios foram os próprios brancos, por que eles não seguem a
lei?”, questionou Gilson Curuaia.
Em uma roda de conversa,
Luiz Xipaia conversou com os guerreiros e disse que essa pode ser a última vez
que estão se vendo, a última vez que estão conversando, mas que neste momento
precisa do apoio de todos, e que se for para lutar até a morte, que lutem pela
causa justa.
“Nos estamos lutando
pela vida das nossas famílias, da nossa cultura e das nossas gerações, e vamos
morrer se for preciso e índio não vai deixar de lutar. Essa juíza deu a
sentença para nos retirar, então, que ela carregue nas costas a culpa pela
morte de muitos índios aqui”, disse Luiz.
A revolta é tamanha, que
flecharam por várias vezes a logo marca do CCBM em um dos ônibus que estão
estacionados na lateral da via.
A partir da gravação da
entrevista, eles agora aguardam os próximos passos da empresa Norte Energia,
Funai e as Forças de segurança do estado e da nação.
Nossa equipe (SBT)
deixou a entrada do km 27 por volta das 00h. Os índios pediram apenas que
repassássemos as informações para que cheguem as autoridades em todas as suas
esferas.
Provavelmente, nenhum
ônibus do CCBM passa pelos índios nesta manhã de segunda-feira, 26, nem é
aconselhável que a empresa desloque operários para o local.
O clima entre os índios
e a empresa é hostil e requer muito cuidado. Os guerreiros estão dispostos a
dialogar, mas qualquer confronto, ou ataque aos índios pode ser desastroso.
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