Três funcionários
fizeram denúncias relacionadas às condições de trabalho, em certas lojas
alocadas no Shopping Pátio Marabá, situado na Rodovia Transamazônica (BR-230),
em frente à Faculdade Metropolitana de Marabá. O trio pediu que a identidade
fosse preservada. Na maioria dos casos, os trabalhadores enfatizam que mais
funcionários até pretendem delatar mais abusos.
Porém, eles temem ser
descobertos por conta de represálias dos patrões. Em cada um dos casos, vemos
que os empregados tomam atitudes diferentes.
Para uma funcionária do
ramo de calçados, todos passam a mesma situação. Quando os funcionários chegam,
às 16h, tem que assinar a entrada e a saída, que deveria ser às 22h. No
entanto, eles são liberados bem mais tarde.
Ela pergunta por que o
sindicado dos trabalhadores não faz vistorias nas lojas, com frequência.
“Pois, devido à falta de
efetivas vistorias, em relação ao funcionamento das lojas, acaba ocasionando o
descumprimento de algumas normas”, diz a trabalhadora.
Questionada sobre quanto
tempo está trabalhando nessa situação, sem receber o pagamento de hora-extra e adicional
noturno, a profissional responde que já completou um ano. Mas, não são todos os
dias que os funcionários saem muito além do horário.
Novamente questionada
sobre qual loja está cometendo esse abuso e se há mais pessoas, além dela,
padecendo isso, ela resolve manter sigilo.
“Se você for se informar
no shopping, é só perguntar qual é uma das últimas lojas a fechar e o pessoal
ir embora... Eles vão confirmar. Só que, no momento que falar o nome, os donos
da empresa vão saber os que foram denunciar”, observa.
No segundo caso, uma trabalhadora
decidiu arrolar a empresa na Justiça do Trabalho.
“Pensei muito e coloquei.
Trabalhei demais, saia de madrugada. Durante três meses, eu trabalhei das dez a
dez. Fiquei lá por sete meses, de maio a novembro. Nós saíamos às 4h da manhã,
uma e meia. Não tinha horário pra sair”, recorda a pesada rotina.
Ela também enfatiza que
se alguém do sindicato fosse lá, e cumprisse o papel de fiscalizar, iam saber
que, na hora que os empregados entram, tem que assinar a saída e entrada.
“Já ouvi falar que o
sindicato faz vista grossa com os empresários. Agora, só não sei se é verdade”,
ressalta.
No terceiro, o funcionário
de uma loja pediu demissão porque, além do tratamento ser antiprofissional, não
havia hora para ir embora.
É uma história deprimente.
Uma training pegava no meu pé, dos funcionários, e humilhava os novatos. Ficava
pressionando, se eles não conseguissem mostrar serviço, iriam embora. Ela
humilhou um homossexual que trabalha lá, novato também. Ai, eu não aguentei. Chamei
a gerente e falei tudo que estava engasgado”, pontua o funcionário, que até
buscou resolver o clima de inimizade entre os colaboradores.
“Dois meses assim. Tinha
dia que eu saia às 4h da manhã e falavam pra eu não bater o ponto. Nunca saia
no horário certo. Ai, no último mês, não aguentei mais e pedi conta”, relata.
SINDECOMAR
– De acordo com o secretário geral do Sindicato dos Empregados no
Comércio de Marabá (Sindecomar), Ismael Veloso de Castro, a entidade não tem o
poder de fiscalizar diretamente. E está de portas abertas para atender a
queixas do empregado, referente aos empregadores de qualquer área do comércio marabaense.
Castro explica
que o empregado tem que trazer essas denúncias para o sindicato. A partir
disso, o sindicato toma as providências junto ao Ministério do Trabalho. E
explica como funciona.
“Se nós
tivéssemos o poder de entrar na empresa e fiscalizar, multar, assim seria
feito. Quem tem esse poder de averiguar, pedir a documentação, é o Ministério
do Trabalho. O sindicato pode notificar e tentar resolver com os patrões. Só
que, muitas vezes, a empresa não vem, ela se recusa mandar um representante no
sindicato. Aí, nós passamos para o Ministério do Trabalho”, pontua.
O
secretário orienta que cada funcionário pode relatar os abusos com a garantia
de que a identidade será preservada. Basta indicar o nome e o CNPJ da empresa
para as notificações seja encaminhadas.
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