Eleoni Nascimento é ajudante de pedreiro e sofreu com abordagem violenta de servidores públicos da Guarda Municipal, na sexta-feira (13) |
Família fica revoltada com tratamento desumano |
Guarda que chutou guidom da moto fez jovem cair com parte frontal do corpo, arrastada pelo chão |
“Mas a Guarda Municipal é o que, DMTU ou PM?”, questiona com
ar de indignação Francisco das Chagas Silva Nascimento, ao ver o estado em que
o irmão dele, Eleoni Silva Nascimento, de 21 anos, ficou após abordagem. Por volta
das 21h de sexta-feira (13) última, uma equipe da Guarda Municipal (GM) estava
efetuando ronda no Bairro Liberdade, quando efetuaram sinal de parada aos
irmãos que estavam pilotando motos diferentes.
Os servidores públicos formavam três duplas de motos e se
encontravam na Avenida Antônio Vilhena, na altura do Posto Ipiranga, realizando
blitz.
Segundo Francisco Nascimento, a primeira abordagem já tinha
encerrado e os documentos foram apresentados.
“Eles revistaram a gente lá em cima, perto da farmácia. Disseram
que ia chamar o DMTU. E de lá viemos embora. Só que eles vieram atrás, tipo
escoltando. Quando passamos aqui do sinal na Independência, a gente se dividiu.
Nem o DMTU pode perseguir ninguém. Ai, perto do Postinho de Saúde, veio uma
dupla e fez isso com o meu irmão”, detalha.
Eleoni Nascimento é ajudante de pedreiro e tem a Carteira
Nacional de Habilitação (CNH), contudo, estava pilotando sem capacete uma moto
Honda Pop de cor preta, não emplacada.
Entre as poucas palavras que o jovem fez esforço para falar,
ele afirmou que estava dirigindo em baixa velocidade e quando se espantou foi
com um chute no guidom da moto.
“Uma mulher que conhece minha mãe falou com eles, já que eu
desmaiei com a queda. Cai de cara
arrastando no chão. Ela disse que eu era filho de uma amiga dela e eles
responderam que eu tive foi sorte, pois iam me matar de taca”, pontua o jovem,
que ia visitar uma amiga para resolver atividades da Escola Liberdade, onde faz
o 1º ano médio.
Os guardas queriam levar o corpo do rapaz no carro, porém,
os populares que se aglomeraram no local insistiram que a ambulância viesse.
Outro fato que indignou os familiares é que além dos
servidores levarem a moto no carro, quando foram ao Departamento Municipal de
Trânsito e Transporte Urbano (DMTU), na manhã seguinte (14), o veículo não
constava no pátio.
Para a mãe do jovem que quase ficou impossibilitado de
falar, Maria Goreta Silva Nascimento, se não tivesse alguém para acudir o filho
dela, poderia ocorrer algo pior.
“O meu filho não é bandido. Mesmo a moto dele estando sem
placa, isso não significa que ele é bandido. Ainda bem que isso aconteceu na
frente da casa de uma amiga e teve alguém lá pra defender meu filho”, pontua,
enfatizando que pretendem buscar os direitos e colocar o guarda na justiça.
Conforme os alguns dos amigos da vítima, que não quiseram se
identificar, o guarda Francinaldo, caracterizado por ser baixinho, foi o autor
do chute e estava com pistola em punho, dirigiu a arma para os caras. Além
disso, teria jogado expray de pimenta nos populares.
(Atualização às 17h27)
(Atualização às 17h27)
GUARDA MUNICIPAL RELATA QUE JOVEM ELEONI CAIU AO TOPAR EM
BURACO E NÃO HOUVE DESMAIO
De acordo com Júlio Neto, secretário de Segurança
Institucional, a versão apresentada, tanto por Eleoni Silva Nascimento, quanto
pelo irmão dele, não corresponde à verdade dos fatos. Em primeiro lugar, a
blitz foi realizada de forma conjunta, envolvendo outros órgãos de segurança
como DMTU e PM. Essas equipes estavam espalhadas no perímetro de encontro da
Avenida Boa Esperança com a Avenida Paraíso.
Em segundo lugar, os jovens nas motocicletas avistaram o
bloqueio e buscaram entrar por outras vias, a fim de fugir da vistoria. Uma vez
que estavam, notadamente, sem os equipamentos de segurança e com as motos sem
placa, os servidores que usavam motos mikes da Guarda Municipal avistaram os
irmãos motoqueiros noutro ponto.
“Não houve perseguição alguma. As equipes estavam dirigindo
eles até o local das blitz”, enfatiza.
Foi nessa escolta que os jovens aceleram por outras ruas. E,
no caso de Eleoni Nascimento, o local por onde ele tentou correr da escolta era
cheio de buracos, pois há obras em andamento naquele espaço. Os guardas
relataram que o próprio motorista perdeu o controle da moto quando passou por
um buraco e foi arremessado.
Outro ponto citado pelo secretário tem a ver com um possível
estado de embriaguez, que o jovem motoqueiro apresentava.
Além disso, após a queda, a vítima apresentou estado de
lucidez em todo o tempo. Não houve desmaio algum, detalha Júlio Neto.
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